TRIBUTO A FUAD HAIDAMUS - O PIONEIRO DA PERCUSSÃO ÁRABE NO BRASIL - Vitor Abud Hiar
 
                 

 

 

 

 
 
     
     
     
 

"Idealizado em 2001 por Vitor Abud Hiar e contato posteriormente com as participações de Shahrazad Sharkey (Pioneira da Dança do Ventre) e Atef Issa (Líder do Grupo Folclórico de Danças Cedro do Líbano), ambos atualmente falecidos, o Tributo a Fuad Haidamus tornou-se não apenas uma singela homenagem ao Pioneiro da Percussão Árabe, mas, sim, "O GRANDE MEMORIAL" da Dança e Música Árabes no Brasil".

 
     
     
     
     
 
 
"A História da Música Árabe Profissional neste País contada através deste Tributo em homenagem a Fuad Haidamus, o Pioneiro da Percussão Árabe no Brasil"
 
 
 

Primeira Parte: Antecedentes históricos

 

Introdução: A história da música árabe no Brasil e seus anti-históricos.

Durante vários anos, a história originária da música árabe e de seus renomados pioneiros no Brasil permaceu obscura e esquecida. A aparente ausência de registros que demonstrassem tal notoriedade, ensejou e ainda enseja inúmeras pseudocontrovérsias sobre o tema.

A divulgação de inúmeros falsos relatos paralelos, denominados de "anti-históricos" da música árabe no Brasil, recheados, sempre, de um desejo monopolista, passou a atentar diretamente contra a Memória da Cultura Musical Árabe em nosso País, distorcendo completamente a correta narrativa dos fatos reais, apagando importantes nomes e, por consequência, induzindo muitos a um equívoco conhecimento.

Criados pelo oportunismo ou, talvez, pelo simples desconhecimento e valendo-se tristemente,ainda, do aval de muitos frente a simples amizade, tais anti-históricos carecem plenamente de dados que estejam em consonância com a verossimilidade e, principalmente, de elementos substanciais comprobatórios de autenticidade e credibilidade.

Através deste modesto e singelo tributo "in memoriam" a Fuad Calil Haidamus, o Pai do ritmo árabe no Brasil, que, com muita honra, contou com a contribuição da notável Bailarina e Mestra Shahrazad Shahid Sharkey, Dama e Pioneira da Dança do Ventre no Brasil, tentaremos resgatar de forma inédita e autência a verdadeira História da Música Árabe neste País, proporcionando a todos uma breve viagem aos tempos da implantação e difusão inicial da arte musical árabe profissional em território brasileiro.

 

 

O Período Pré-Pioneiro da Música Árabe Profissional no Brasil ( Nagib Mubarak, Nagib Hankach, Sheik Nagib Zacharia e outros ).

Antes de adentramos aos fatos históricos relacionados à vida e obra de Fuad Haidamus, o pioneiro da percussão árabe no Brasil, falaremos rapidamente de um período - também não menos importante - a que denominamos  "Período Pré-Pioneiro. Este período pode ser conceituado como o lapso de tempo que antecedeu os trabalhos de implantação e difusão da legítima música árabe profissional realizada pelos nossos genuinos pioneiros neste país.

Sabemos que a musica árabe chegou até nós graças à imigração árabe (maciçamente de libaneses), que aqui vieram em busca de novas oportunidades. Tudo teve início quando D.Pedro II, ao visitar Damasco e Beirute, convidou a população para imigrar para o Brasil.

Nesta época, a música árabe no Brasil - se é que podemos assim denominar - ainda estaria numa fase totalmente experiemental. O estilo percussivo "Raks" não existia, sendo desenvolvido mais tarde por Fuad Haidamus. Como bem nos nos ensinava o pioneiro da percussão árabe no Brasil, muitos músicos árabes (e de origem turca) aqui estiveram (amadores e, também, profissionais), por vezes a convite feito pela própria Colônia Árabe de São Paulo, ainda, claro, em histórica formação. Esses músicos, profissionais e amadores, aqui permaneciam por um tempo, se apresentavam geralmente nos clubes árabes e teatros e, posteriormente, retornavam a seus países de origem. Era um fluxo de difícil precisão. Nessa época destaca-se o Clube Homs, fundado em 1920 e destinado à realização de alguns eventos musicais exclusivamente voltados à comunidade árabe paulistana.

Motivos para aqui estarem não faltavam. O fator mais importante, acreditamos, era buscar distancianciamento provisório ou temporário da crise social e política enfrentada por Damasco e demais áreas próximas - que, também, incluía o Libano. Essa crise, marcada pelos conflitos armados ocorridos na região do Monte Líbano, resultou em muitas perdas humanas.

Assim, nesse emaranhado de idas e vindas, que dirimiu significativamente no final da década dos anos 50 - quando Damasco e região entraríam num tempo de paz -, cabe a nós registrarmos a existêcia neste país do maestro e alaudista de origem turca Alexander Sunatti, cujo trabalho, possivelmente, precedeu até mesmo aos dos nossos antigos alaudistas árabes. Curiosamente, Alexander Sunatti, nome importante da música turca brasileira, fora professor do alaudista libanes Jorge Aidamus, irmão mais novo de Fuad Haidamus.

Consta ainda que Sunatti teria se unido a outros músicos (árabes e/ou não árabes da época) e, ao lado dessas pessoas, fundado um conjunto amador turco-árabe de músicas orientais (com características nítidas de um ensemble turco clássico).  Haidamus, contudo, dizia que nessa época havia muita descaracterização e, por essa razão, como não havia interesse por parte dessas pessoas em divulgar a música árabe ao povo brasleiro (até mesmo pelas inúmeras dificuldades que tal feito poderia proporcionar), tal arte não conseguia alcançar a devida profissionalização e reconhecimento.

Dentre os feitos realizados nesse período, podemos destacar aqueles do no ano de 1930, onde Nagib Mubarak, precedendo inclusive o pioneirismo de Romeu Féres, o primeiro intérprete profissional de músicas árabes do Brasil, a título de registro, gravou pela Odeon dois cantos sírios típicos ( "Yalia" e "Yama Nuchuf" ) em disco de 78 rpm. No mesmo ano, Sheik Nagib Zacharia grava pela Arte-Fone, também a título de registro, o solo de alaúde "Taksim Baiat".

Nota: Até mesmo Fuad Haidamus, a título de registro, na década dos anos 40, gravou disco de 78 rpm, contendo dois cantos típicos árabes por ele interpretados .

Já em 1935, Fuad Haidamus inicia seus estudos de percussão libanesa inspirando-se no percussionista libanês Jamil Flewar - que também esteve no Brasil - e, pouco tempo depois, como veremos logo a seguir, neste país, se tornaria o primeiro e histórico percussionista a formar ao lado do alaudista Wadih Cury, o primeiro conjunto musical tipicamente árabe e profissional, abrindo caminhos para essa nova arte, somando-se, evidentemente, os trabalhos de Romeu Féres. Inicia-se, assim, de maneira progressiva, a implantação oficial e difusão do canto, música e percussão árabes em terrítório brasileiro.

 

 

Segunda Parte: O Pioneirismo de Fuad Haidamus

 

Fuad Haidamus ( *1920 (Líbano) - †2002 (Brasil) ) - Pioneiro da percussão árabe no Brasil.

A história inicial da Percussão Árabe no Brasil muito se confunde com a história do percussionista e Mestre Fuad Calil Haidamus.

Nascido na República do Líbano no ano de 1920, iniciou seus estudos de percussão libanesa aos 15 anos de idade, inspirando-se em seu Mestre e grande percussionista libanês, Jamil Flewar.

Em pouco tempo, se tornou o grande mito da percussão árabe no Brasil onde, seu trabalho pioneiro em difundir  tão rica arte, fora uma verdadeira mola propulsora no incentivo ao aparecimento de mais e mais percussionistas do mesmo gênero.

Como percussionista oficial de Madeleine Iskandarian, conhecida artisticamente como a notável SHAHRAZAD - Mestra e pioneira no ensino da Dança do Ventre no Brasil - viajou por inúmeras cidades brasileiras levando a todos parte dessa tão rica e nobre Cultura Árabe.

Entre as décadas de 40, 50, 60, 70 e 80, difundiu a percussão libanesa em todos os recantos do Brasil, como: Cuiabá/MT, Manaus/ AM, Belo Horizonte/MG, São José do Rio Preto/SP, Monte Alto/SP, Belém/PA, Campinas/SP, Goiânia/GO e em São Paulo/SP, onde se apresentou na tenda árabe "Bier Maza", ao lado de ilustríssimos músicos.

Produziu as primeiras Tablas Árabes no Brasil, fornecendo para as mais conceituadas lojas de instrumentos musicais deste país. Eram produzidas em corpo de cerâmica marajoara (uma das melhores cerâmicas do mundo) e pele de cabrito advinda da região nordeste do Brasil.

Durante os anos que se apresentou, fora muito requisitado para shows, programas de auditório, novelas etc...

Enfêrmo, Haidamus faleceu na cidade de Santos, Estado de São Paulo, aos 82 anos de idade, no dia 24 de Janeiro de 2002.

 

 

Novelas, Shows e Programas de auditório.

1986 - Fuad Haidamus entre os amigos músicos Emílio Bonduki e Said Azar (Imagem de vídeo).

Na década de 70, Fuad Haidamus participou de inúmeros programas de auditório ao lado de orquestras renomadas, como dos maestros Sílvio Mazucca e Osmar Millani.

Ao contrário do que se acredita, a novela global "O Clone" não fora a pioneira na difusão da dança e da música árabes no Brasil. Fora , sim, a novela em que tal difusão fora feita em maior proporcionalidade.

Ocorre que em 1977, Fuad Haidamus fora convidado a participar musicalmente de um dos capítulos da novela global "O Astro" de Janete Clair, que fora ao ar entre os anos de 1977 a 1978, apresentando-se juntamente com seu irmão Jorge Aidamus, em uma das festas patrocinadas pelo inesquecível personagem Salomão Hayallah, interpretado pelo ator Dionísio Azevedo.

Shahrazad também participara pioneiramente com sua dança magistral. Eles tocaram na abertura de um dos capítulos da novela. Fuad Haidamus e Jorge Aidamus foram, portanto, os primeiros músicos árabes a se apresentarem em uma novela de televisão.

No final de 1979 e início de 1980, havia um programa árabe de televisão denominado"Programa Árabe na TV", (curiosamente tinha como tema de abertura "A dança da cobra") que era veiculado pela TV Gazeta. Tal programa era exibido às 14:00 horas e tinha duração de apenas 30 minutos. Fuad Haidamus por muitas vezes ali se apresentou com seu conjunto.

1986 - Fuad Haidamus toca ao lado do amigo Elias Almaza (Imagem de vídeo).

Assim, Haidamus ( já então professor magistral de Vitor Abud Hiar ) foi também o primeiro Derbakkista a se apresentar em um programa de televisão no Brasil.

Curiosamente, como lembra Vitor Abud Hiar, Fuad Haidamus era destro mas tocava a Derbakke na forma canhota; isso evidentemente não o impediu de se tornar o maior derbakkista do Brasil. A facilidade com que tocava Derbakke nesta posição era algo surpreendente.

Consta que em uma de suas apresentações no interior do Estado de São Paulo, levou o público ao delírio em um de seus solos de percussão.

 

 

Terceira Parte: O Conjunto Haidamus, Shahrazad e o Conjunto Wadih Cury

 

Fuad Haidamus e Jorge Aidamus: O Histórico "Conjunto Haidamus".

As primeiras apresentações profissionais realizadas por Fuad Haidamus fora ao lado de seu irmão, o alaudista Jorge Aidamus (escrito sem "h" devido a mero erro de registro). O "Conjunto Haidamus", conforme é possível observar através da análise dos registros históricos, apresentou-se profissionalmente no Brasil por praticamente 40 anos.

No ano de 1956, já bastante conhecidos, se apresentaram no programa de Chico Shabou veiculado pelas ondas da Rádio Clube de Santo André, o que seria o primeiro programa radiofônico dedicado à cultura árabe do Brasil. Curiosamente, no ano de 1975, ainda faziam história nos mais diversos restaurantes árabes de São Paulo, como o "Casbah", ao lado da notável bailarina Mona (vide destaque ao lado do jornal "O Estado de S. Paulo" em edição de 15-08-1975) . Em 1977, participaram musicalmente da novela global "O Astro"; ainda na Rede Gazeta de televisão, entre os respectivos anos de 1979 e 1980, apresentaram-se no já mencionado "Programa Árabe na TV".

Assim, após longo período, por motivos particulares, os irmãos Haidamus optaram pela separação em definitivo e, a partir dos anos 80, não mais se apresentaram juntos. Esse tema é tratado em detalhe no artigo "Fuad Haidamus, Jorge Aidamus e a Música Árabe Contemporânea no Brasil".

 

 

Bier Maza: A Dança de Shahrazad Sharkey e a Percussão de Fuad Haidamus.

No ano de 1979, Shahrazad Sharkey passou a se apresentar na tenda árabe "Bier Maza", ( famoso restaurante onde se encontrava toda a colônia árabe da cidade de São Paulo ) cantando e dançando o "Raks el Sharki".As noites na "Bier Maza" eram inesquecíveis, e fora inspiração no surgimento de inúmeros restaurantes árabes do mesmo gênero.

Havia nos anos 70, dois restaurantes em São Paulo que apresentavam shows de dança do ventre e música árabe ao vivo, eram eles: a tenda árabe "Bier Maza" e o restaurante Porta Aberta.

Eram freqüentados por toda a Colônia Árabe de São Paulo. Esses restaurantes tiveram uma grande importância na difusão da música e da dança árabe, principalmente a partir dos anos 80. Nesta respectiva época, muitos músicos e cantores novatos que começaram a surgir, ali passaram a se apresentar.

O intuito principal era tornarem-se conhecidos e, posteriormente, serem aprovados pela exigente Colônia; fato semelhante também ocorreu em relação a Dança do Ventre.

Na "Bier Maza", Shahrazad ( que sempre se apresentava com roupas suntuosas ) contava em suas apresentações com ilustres pioneiros da musicalidade árabe no Brasil. O conjuto de Wadih Cury ( Wadih Koury Orquestra Árabe ) , - conjunto este pioneiro da musica árabe no Brasil - em sua fase inicial, era composto por Alaúde, Derbakke e Daff.

Posteriormente, no final dos anos 70 e começo da década de 80, introduziu-se o Violino e o Mejwiz às apresentações. Junto à seu instrumento, foi o primeiro músico a apresentar neste país uma composição musical árabe ao vivo.

Dentre os músicos que formavam o conjunto de Wadih Cury, destacava-se brilhantemente "o mestre dos tambores árabes do Brasil", Fuad Haidamus, que acompanhou com seu conjunto Shahrazad em sua turnê pelos Estados Brasileiros .

Como assim elucida Vitor Abud Hiar, o Alaúde, o Derbakke e o Daff, foram os instrumentos que "semearam" a música árabe neste país.

Sempre ao lado de Wadih Cury em suas apresentações pelo Brasil, Fuad Haidamus foi o primeiro percussionista árabe a apresentar um solo de Derbakke "ao vivo" para Dança do Ventre neste país. Shahrazad,além de ser pioneira da Dança do Ventre do Brasil, também foi a primeira cantora árabe profissional.Fuad Haidamus também era alaudista e violinista, mas, evidentemente, sua primordial especialidade era a percussão.

Obs: Abaixo segue a homenagem especial de Shahrazad Sharkey, realizada em 2004, a Fuad Haidamus. Shahrazad faleceu em 2014, dez anos após a realização deste tributo.

 
 

 
Depoimento especial de Shahrazad - Pioneira e Dama da Dança do Ventre no Brasil - em homenagem ao músico Fuad Haidamus.
 

(por Thânia Allan Ribeiro)

 
 
"Shahrazad se lembra com muito carinho do percussionista, Haidamus, o pioneiro da percussão árabe. Era sempre um prazer encontrá-lo nos compromissos que tinham juntos.

Haidamus, que confeccionava derbakes, presenteou Shahrazad com um, o qual ela ainda tem enfeitando sua sala de estar. Haidamus ensinou Richard, filho da Shahrazad, a tocar derbake.

Fuad Haidamus começou tocando daff e depois passou para o derbake. Ele gostava de cantar também, porém não profissionalmente. Nas festas, ele sempre aproveitava pra cantar um pouquinho, enquanto acompanhava seus companheiros, o cantor Samir e  seu irmão, o alaudista  Jorge Aidamus.

Shahrazad lembra dele com muito carinho e acha muito merecida esta homenagem ao pioneiro da percussão árabe no Brasil."

 

Breve depoimento de Shahrazad  a Thânia Allan Ribeiro, em Tributo ao Percussionista Fuad Haidamus - Mestre e Pioneiro da Percussão Árabe no Brasil.

 
 

Agradecimentos especiais: À Sra. Shahrazad Sharkey, Mestra e Pioneira da Dança do Ventre no Brasil, por seu depoimento em homenagem ao  Músico Fuad Haidamus, e a  Thânia Allan Ribeiro e Silvia Tasca pelo auxílio prestado neste trabalho cultural.

 

 

 

 

A "Derbakke Solo" de Fuad Haidamus - O Pai do estilo percussivo Raks no Brasil

Tanios Baaklini, Fuad Haidamus e Kico - Clube Sírio Homs no ano de 1984 (Colaboração de Henrique Tabchoury)

Como já fora aludido anteriormente, Fuad Haidamus fora o primeiro percussionista árabe a tocar um "derbakke solo" (expressão primeiramente usada por ele) no Brasil.

Desenvolveu um estilo fabuloso e inconfundível especialmente criado para as apresentações de Shahrazad. Introduzia aos solos o "estalo", acompanhado das batias normais "Ká", "Tá" e "Dum".

Fuad Haidamus apresentava o "estalo" nas finalizações de cada frase, fornecendo ótimos subsídios à bailarina na sua apresentação

Tinha como característica ainda mais marcante a firmeza com que executava os ritmos, figurando até hoje como o melhor ritmista árabe para Dança do Ventre que o Brasil já teve.

 

O conjunto de Wadih Cury (Wadih Cury Orquestra Árabe) - Primeiro conjunto árabe profissional do Brasil.

O conjunto de Wadih Cury, além de pioneiro da música árabe no Brasil, fora o melhor conjunto árabe deste país durante os anos em que se apresentou.

Era um conjunto de essência clássica e formal. Seus integrantes sempre impecavelmente trajados ( ternos ou smokings ), seguiam a mesma linha das orquestras árabes tradicionais da época.

Fizeram shows por todos os recantos do Brasil. Era o conjunto que sempre acompanhava Shahrazad em suas apresentações.

Já na década de 70, viajavam de avião, gravavam vídeos e faziam shows por vários Estados brasileiros, como, por exemplo, Goiás, Mato Grosso, Pará e São Paulo. Era um conjunto de grande dinamismo e carisma.

Dedicatória histórica em caracteres árabes de Wadih Cury, considerado um dos maiores alaudistas técnicos do Brasil, feita em homenagem ao seu Amigo e Companheiro Fuad Haidamus no verso de seu Lp Duplo "Canções de Folclore Árabe", produzido pela Continental.

 Segundo dados históricos, a difusão da música árabe no Brasil teve 3 grandes ícones: Wadih Cury ( pioneiro na formação do primeiro conjunto tipicamente árabe do Brasil ), Fuad Haidamus ( pioneiro da percussão) e Nabil Nagi ( mestre de alaúde e violinista árabe ). Shahrazad também foi a primeira cantora árabe profissional do Brasil.

Recordemos aqui do eminente cantor e regente Romeu Féres, que também era alaudista. Amigo de Fuad Haidamus, fora o primeiro cantor árabe profissional deste País.

Féres foi também pioneiro no lançamento dos primeiros Lp's árabes em homenagem à comunidade árabe no Brasil: Jóias Árabes e Tardes

 Orientais ( Para saber mais, leia o artigo "O Pioneirismo da discografia árabe no Brasil e seus músicos expoentes".

Curiosidade: "Wadih Cury e Romeu Féres foram os primeiros alaudistas conhecidos da música árabe profissional no Brasil, porém, acredita-se que o mais remoto alaudista seja Nahat que, também, fora o primeiro fabricante do instrumento no Brasil. Nahat fora o professor de Romeu Féres".

A partir desses músicos pioneiros (Cury, Féres, Haidamus e Nagi), outros começaram a surgir, porém, somente na década dos anos 80.

Haidamus também se apresentou por várias vezes ao lado dos alaudistas Emílio Bunduki, (que também tocava percussão), Willian Bunduki e Said Azar, importantes precursores na difusão inicial da música árabe no Brasil na década dos anos 80. Emílio Bunduki, como dissemos, também era percussionista e, quando não estava tocando alaúde, auxiliava Fuad Haidamus no Daff (Pandeiro ou Tamborim Árabe).

Willian Bunduki e seu conjunto, como assim era conhecido na década dos anos 70, era formado por: William Bunduki (Alaúde), Fuad Haidamus (Derbakke) e Kico ou Alex Bunduki (Percussão base).

Durante a década dos anos oitenta, Haidamus fez dupla com o alaudista Nabil Nagi. Fora uma das duplas mais duradouras e a mais famosa até então. Juntos, Haidamus e Nagi fizeram shows por muitos lugares no Brasil. Ely Almaza, outro alaudista da década dos 80, também se apresentou por várias vezes ao lado de Haidamus.

O Alaudista Sírio e Grande Amigo Said Azar - responsável pelas homenagens finais realizadas a Fuad Haidamus.

Pode-se dizer que Nagi fora o alaudista que mais se destacou durante a década dos anos 80. Jovem e talentoso, é considerado o grande responsável no incentivo ao surgimento de novos músicos no Brasil. Lembramos que em 1984, Fuad Haidamus, já com idade um pouco avançada, deixava ser substituído por percussionistas mais jovens, principalmente nos solos que exigiam maior agilidade.

Dentre outros importantes nomes da música e da dança árabes que trabalharam ao lado de Haidamus, podemos citar o alaudista, cantor e compositor Said Azar - importante precursor na difusão da música árabe no Brasil - e o notável Bailarino libanês Atef Issa do Tradicional Grupo Folclórico Cedro do Líbano (históricamente o primeiro grupo de danças folclóricas libanesas do Brasil). Todos grandes amigos e companheiros de Haidamus em muitas apresentações nos mais diversificados Estados Brasileiros.

Foi o próprio Fuad Haidamus quem incentivou seu irmão mais novo, o alaudista Jorge Aidamus, professor de muitos outros músicos contemporâneos, a ingressar no mundo da arte musical.

Foram várias as bailarinas que trabalharam com Jorge Aidamus no restaurante Bier Maza - já na década de 80 - ,sendo todas consideradas auxiliadoras da pioneira Shahrazad na difusão da Dança do Ventre no Brasil.

Haidamus também foi o primeiro músico a cantar em uma emissora de rádio no Brasil. Na década dos anos 50,ainda muito jovem, cantou e tocou na antiga e famosa Rádio Clube de Santo André - SP, no primeiro programa árabe radiofônico da história do Brasil, que veremos mais adiante.

O conjunto de Fuad Haidamus, nos tempos primórdios, era compostobasicamente por: um cantor, alaúde (geralmente o próprio alaudista cantava), derbakke (sempre Fuad Haidamus ), daff, violino e Mejwiz (em poucas ocasiões). Também era sempre acompanhado pelas primeiras bailarinas de dança do ventre no Brasil.

A primeira geração de bailarinas árabes do Brasil, segundo consta nos registros históricos, surgiu somente na década dos anos 70, e era formada por: Shahrazad Sharkey (pioneira, que trouxe a arte técnica para o Brasil ), Mileidy, Rita, Selma, Samira, Zuleika Pinho, Aziza, Sandra, Magda, Vera e Zeina, todas importantes precursoras na difusão da Dança do Ventre neste país.

Era, portanto, o conjunto de elite, formado apenas por músicos genuinamente profissionais. Ressaltamos que havia entretanto, muitos músicos e cantores iniciantes - curiosos - que espelhando-se em nomes profissionais como Haidamus, Bunduki, Cury e Nagi, passaram também a se apresentar nacidade de São Paulo, isso, porém, na década dos anos 80.

Cumpre aqui ressaltar que, na época, o nome do conjunto de músicos costumava seguir sempre o nome do alaudista integrante. Por exemplo: Conjunto de Nabeel Naji ( alaudista ) e Conjunto de Wadi Cury ( alaudista ). Era uma tradição, sem nenhuma conotação hierárquica.

Foto ao lado: Dedicatória do músico alaudista e percussionista Emílio Bunduki para seu amigo Fuad Haidamus feita em verso de foto.

 

 

             Quarta  Parte: Os instrumentos e objetos

 

Instrumentos e objetos históricos.

Como na época as viagens eram constantes, a necessidade de maior proteção aos instrumentos era imprescindível ( não havia, naquele tempo, derbakkes confeccionados em alumínio ). Assim, Fuad Haidamus idealizou o primeiro estojo para derbakke em formato de caixa.

 Constituindo-se na melhor forma de proteção para o instrumento, chega a ser superior aos atuais estojos e capas comercializadas no Brasil e no mundo árabe atualmente. Com esta caixa ( foto abaixo à direta ), Fuad Haidamus e seu conjunto viajaram pelo Brasil. Trata-se de uma peça histórica da percussão árabe no Brasil.

Derbake de Fuad Haidamus em terracota, confeccionada em 1981 para Vitor Abud Hiar.

Fuad Haidamus confeccionou dois estojos para Derbakke, sendo que o primeiro deles, após ter utilizado amplamente em seus inúmeros shows, presenteou Vitor Abud Hiar em 1979.

Apenas a título de curiosidade, Fuad Haidamus possuia, dentre sua coleção particular de instrumentos de percussão libanesa, uma Derbakke em fibra de vidro, material totamente diversificado das que são fabricadas atualmente ( barro, alumínio e madeira ).

Confeccionou também as primeiras Derbakkes em cerâmica e pele de cabra, e, posteriormente, em pele de peixe. Os instrumentos eram feitos de cerâmica de Belém do Pará. Seus derbakkes estiveram nas melhores casas de instrumentos musicais do Brasil.

No início dos anos 90, Fuad Haidamus ainda confeccionou algumas derbakkes, porém, em 1996, já com o encorpamento das importações comerciais e do surgimento das derbakkes em alumínio fundido (versão moderna ou contemporânea ), terminara definitivamente com essa atividade.

Haidamus, considerou a versão moderna da derbakke "um instrumento de excepcional sonoridade".

Fuad Haidamus também idealizou o suporte para lâmpada, que possibilitava ao percussionista manter a pele da derbakke sempre esticada e aquecida durante as apresentações. Vitor Abud Hiar, sob orientação do próprio Fuad Haidamus, confeccionou uma réplica de seu suporte, que até hoje utiliza na afinação de seus instrumentos.

Curiosidade: A expressão "Derbakista", difundida neste site e bastante usada nos dias atuais, fora cunhada e utilizada por Fuad Haidamus em suas explicações a Vitor Abud Hiar.

 

 

Foto ao lado: Derbakke em cerâmica confeccionada por Fuad Haidamus em 1983. Possui membrana em pele de cabrito originária da região nordeste do Brasil. Seu corpo é feito em cerâmica marajoara (PA). Instrumentos semelhantes a este foram postos à venda no Brasil ainda nos anos 70.

Fuad Haidamus, além de comercializar seus instrumentos para particulares da Comunidade Árabe fora dela, forneceu, também, alguns de seus instrumentos para algumas importantes lojas de instrumentos musicais de São Paulo.

Se hoje a Derbakke ainda é um instrumento muito pouco conhecido, na época dos anos 70 a situação era ainda mais acentuada. Este fora o primeiro primeiro modelo de Derbakke a ser tocado em shows tanto em São Paulo (Bier Maza e Porta Aberta ) como em todo o Brasil.

Devido a enorme fragilidade dos Derbakkes em corpo de cerâmica e as dificuldades na afinação, desenvolveram um modelo contemporâneo em corpo de alumínio e pele sintética, sendo a versão mais preferida para shows.

 

 

 

 
 

 

 

 

Foto ao lado: Antigo estojo profissional para Derbake, idealizado e confeccionado por Fuad Haidamus em 1969 -70 (visão lateral).

É feito em madeira especial com revestimento interno de espuma de aproximadamente 3 cm de expessura.O revestimento externo é feito em couro na cor vermelho vinho.

Durante as viagens, o Derbakke podia ser facilmente transportado sem o perigo de sofrer impactos e se quebrar. Internamente é dotado de um sistema de engates de madeira e espuma, evitando que o instrumento se movimente.

Hoje, com o surgimento dos Derbakkes em corpo de alumínio fundido especial para shows, a necessidade de se ter um estojo de grande proteção tornou-se fator sem muita importância.

Vitor Abud Hiar explica que mesmo as primeiras Derbakkes serem incrivelmente resistentes (apesar de feitas em ceramica), a necessidade de um estojo dessa natureza era algo realmente indispensável. Todos os estojos para Derbakke de Fuad Haidamus foram para uso pessoal.

O estojo no detalhe fora confeccionado por Fuad Haidamus em 1970, sendo o primeiro de todos eles. No ano de 1979, Fuad Haidamus presenteou Vitor Abud Hiar com seu primeiro estojo como incentivo aos seus estudos na percussão. Tal peça encontra-se até hoje na sua qualidade original.

 

 

Foto ao lado: Fios originais usados por Fuad Haidamus na confeccção de seus primeiros instrumentos musicais. Esses fios, feitos em seda pura de alta resistência, eram devidamente transpassados nas bordas da membrana de couro que era devidamente cortada e furada. Havia também na produção de um Derbakke a técnica da amarração.

Fios originais usados por Fuad Haidamus na confeccção de seus primeiros instrumentos musicais. Esses fios, feitos em seda pura de alta resistência, eram devidamente transpassados nas bordas da membrana de couro que era devidamente cortada e furada. Havia também na produção de um Derbakke a técnica da amarração.

 

 

 

 

 

 
 
 

 

 

 

Foto ao lado: Suporte original para lâmpada de afinação de Fuad Haidamus. Sabemos que o célebre percussionista libanês Jamil Flewar, fora o primeiro percussionista a utilizar uma lâmpada para afinar seu Derbakke. Fuad Haidamus, por sua vez, desenvolveu um suporte especial para lâmpada de aquecimento, que tinha como objetivo manter a pele do instrumento sempre afinada durante as apresentações. A genialidade do suporte desenvolvido por Haidamus era tão grande, que mesmo estando no inteiror do instrumento não abafava a saída do som.

As Derbakkes em cerâmica não possuem tarraxas para afinação; o processo é feito por meio do emprego de calor que, tirando a umidade do couro, faz com que ele fique mais rijo. Na percussão árabe há duas formas de afinação: Por esticamento e por ressecamento.

O calor da lâmpada colocada no interior do instrumento faz com que a umidade da membrana evapore e, dessa forma, torne o couro mais firme.

O primeiro percussionista a usar esse tipo de afinação no mundo, como dissemos anteriormente, fora Jamil Flewar (professor de Haidamus), Antes disso, usava-se de praxe dois instrumentos durante os shows, ou seja, enquanto um era aquecido por meio objetos térmicos, tocava-se o outro. O uso da lâmpada, por sua vez, eliminou a necessidade de se ter o jogo dos dois instrumentos, pois o instrumento podia ser afinado no palco, mesmo em condições de uso.

Fuad Haidamus foi o primeiro músico percussionista a implantar e usar no Brasil esse tipo de afinação nos shows. O segundo a utilizar esse método fora Vitor Abud Hiar, que desenvolveu seu suporte sob orientação do próprio Fuad Haidamus, com quatro hastes  presos à base de um soquete de lâmpada. O suporte à direita fora confeccionado entre os anos de 1978 e 1979.

Curiosidade: Após nossa divulgação, o suporte desenvolvido por Haidamus passou a ser muito copiado por vários músicos sem os devidos créditos, porém, por desconhecerem o correto material usado e a forma como a peça se encaixava dentro do instrumento, tais protótipos acabaram se distanciando significativamente daquele criado e usado por Haidamus.

 

 

 

Foto ao lado: Última Derbake, modelo Alexandria, que pertenceu ao músico Fuad Haidamus. Produzida em alumínio fundido e revestimento de couro sintético, possui diâmetro regular de 8.6 polegadas ou 22 centímetros.

Como já fora aludido anteriormente, no início dos anos 90, Fuad Haidamus ainda confeccionou algumas derbakkes em pele de cabrito e cerâmica, porém, em 1996, já com o encorpamento das importações comerciais e do surgimento das derbakkes em alumínio fundido (versão moderna ou contemporânea), Haidamus terminara definitivamente com essa atividade.

 

 

 

 

Além de ter sido o pioneiro na confecção de derbakkes tradicionais no Brasil, Fuad Haidamus, graças a sua facilidade em lidar e manusear couros e peles de cabra, também fora o primeiro músico a tocar e também a confeccionar o tradicional instrumento Rababah.

De todos os instrumentos árabes melódicos, a Rababah é certamente o que mais se aproxima estruturalmente da confecção de um tambor típico (pele e madeira).

Trata-se de um instrumento de médio ou pequeno porte, muito tocado pelos beduínos ( os tradicionais habitantes do deserto ). É constituído por cabo em madeira e sua caixa é revestida por duas membranas de pele de cabra (as mesmas usadas para revestimento de tambores) bem esticadas e presas nas bordas por uma sequência de pequenas tachinhas brilhantes. É tocado através de um arco também em madeira e corda esticada. Fuad Haidamus confeccionou esses instrumentos ainda na década de 60.

As membranas em pele fina de cabra vibram ao atrito da corda do arco com a corda do instrumento, proporcionando, assim, seu característico som. Tradicionalmente, esse instrumento possui apenas duas cordas, mas existem variantes de até quatro cordas paralelas.Fuad Haidamus não comercializou no Brasil a Rababah, pois a procura para esse instrumento era praticamente nula.

 

 

 

Parte Final: Radio Clube e início na difusão da música árabe profissional

 

Fuad Haidamus e o Início Histórico da Música Árabe Profissional no Brasil.

Na primeira parte deste Tributo em homenagem ao  Pioneiro e Mestre da percussão árabe no Brasil, fizemos uma breve introdução sobre a vida musical de Fuad Haidamus e seus feitos históricos. Já na segunda parte, retratamos de forma mais detalhada seus trabalhos ao lado de Shahrazad Shahid Sharkey - Pioneira da Dança do Ventre no Brasil e demais músicos pioneiros na formação do primeiro conjunto musical árabe típico e profissional do Brasil. Mostramos seus instrumentos e objetos tradicionais, detalhando-os minuciosamente.

É evidente que mesmo após todo este trabalho de pesquisa realizado, três questões ficaram sem uma resposta: quem, onde e quando se iniciou a difusão da música árabe no Brasil ? É evidente que a elaboração de uma terceira e memorável parte se fez mais que necessário. Agora, munidos de elementos comprobatórios, falaremos do início de tudo, ou seja, trataremos especificamente nesta última parte, sobre Fuad Haidamus e o início histórico da difusão da música árabe no Brasil.

 

 

A Rádio Clube de Santo André e o primeiro programa árabe radiofônico do Brasil.

A década dos anos 50, sem dúvida alguma, deixaria sua marca para sempre na história da radiocomunicação brasileira. Os programas radiofônicos e os grandes cinemas, acabaram se  tornando as principais formas de entretenimento do público juvenil dessa época. Nesse período, surgem na região do grande ABC paulista duas importantes emissoras de rádio. São elas: A Rádio Clube de Santo André e a Rádio Emissora ABC (ambas fundadas no ano de 1953).

É certo que a música árabe começou a ser difundida primeiramente no Brasil através das ondas curtas de rádio. O primeiro programa árabe radiofônico do Brasil (programa inaugural), foi ao ar no dia 9 de agosto de 1956, através das ondas da emissora Rádio Clube de Santo André.

Era um programa com duração aproximada de 1 hora. Nesse programa inaugural, Fuad Haidamus, grande amigo do apresentador Chico Shabou, se apresentou cantando "ao vivo" algumas canções típicas árabes.

Podemos claramente verificar através da análise de fotos e documentos históricos, que Haidamus não foi "apenas" o pioneiro da Percussão Árabe no Brasil; foi, também, o primeiro artista árabe, acompanhado por seu seu irmão Jorge Aidamus - que iniciou seus estudos musicais desde muito cedo, com um antiquíssimo alaudista de origem turca chamado Alexander Sunatti - a iniciar em caráter oficial, ou seja, através de um veículo de comunição (Rádio), a difusão da música árabe cantada e tocada em território brasileiro.

Ressaltamos aqui que Fuad Haidamus não era cantor profissional; o pioneirismo do canto árabe no Brasil deve-se ao eminente intérprete e regente Romeu Féres, que lançou pela gravadora Odeon os primeiros Lp´s de músicas árabes destinados à comunidade árabe no Brasil.

Segundo uma indicação datilografada no topo da foto acima, acreditamos que o nome do programa em que Fuad Haidamus se apresentou em 1956 era "Programa 9 de julho" Curiosamente, a inauguração desse programa ocorreu, como já mencionamos, no dia 9 de agosto ("Inauguração Programa 9 de julho 9 - 8 - 56").

 

Foto ao lado: Fuad Haidamus, Pioneiro na difusão da música árabe cantada em território brasileiro.

1956 - Início histórico da difusão da música árabe no Brasil: Fuad Haidamus canta na inauguração do primeiro programa árabe radiofônico brasileiro, comandado pelo seu amigo Chico Shabou, no dia 9 de agosto do ano de 1956, pelas ondas da legendária Rádio Clube de Santo André, três anos após sua fundação.

Curiosidade: O primeiro alaúde de Fuad Haidamus, fora um presente especial de Romeu Féres , que trouxe o instrumento diretamente do Lìbano.

 

 

Haidamus - Clássico da Percussão árabe no Brasil (Considerações Finais).

 É indiscutível que a história do músico percussionista  Fuad Haidamus é parte primordial da cultura musical árabe no Brasil. Haidamus é o clássico e a tradição da percussão árabe neste país. Além de pioneiro, fora o percussionista de maior visibilidade e expressividade. Foi o primeiro músico árabe a tocar ao lado de orquestras brasileiras de grande renome, como as já citadas orquestras de Silvio Mazzuca e Osmar Milani. Confeccionou pioneiramente derbakes e daff, projetou os melhores estojos para Derbake e Daff, difundiu a percussão libanesa autêntica e profissional a todos os recantos do Brasil, juntamente com seu conjunto de músicos também pioneiros.

Foi o primeiro percussionista árabe a se apresentar em programas de auditório, telenovelas etc..

Apesar das dificuldades na época, seu trabalho benemérito gerou frutos, incentivando ,de alguma forma, o aparecimento de vários outros percussionistas árabes contemporâneos no Brasil.

Fuad Haidamus foi o pioneiro na implantação teórica da percussão árabe e, também, na sua difusão pelo Brasil. O chamamos de "pai dos tambores árabes no Brasil" porque antes dele, a percussão árabe profissional neste país era inexistente. As técnicas profissionais, os instrumentos de percussão e os ritmos tradicionais árabes (e libaneses) eram de desconhecimento geral.

O objetivo deste tributo não se estende apenas a homenagear o grande pioneiro da percussão árabe no Brasil, mas, também, resgatar e tornar público, de maneira fiel, a verdadeira e genuína história do início da música árabe profissional neste país, honrando e recobrindo com os devidos méritos todos os seus legítimos músicos pioneiros.

Figura lendária e maior ícone da percussão árabe no Brasil, podemos seguramente acrescentar de forma particular após toda a análise feita de seu grande e rico histórico, que Fuad Haidamus foi o maior músico árabe do Brasil, pois nenhum outro conseguiu fazer tanto num período de tantas dificuldades.

Dedicatória em caracteres árabes do Cantor, Compositor e Alaudista Libanês Ali Murad, feita em homenagem ao seu Amigo Fuad Haidamus. Ali Murad fora um dos grandes talentos da música árabe tradicional no Brasil, realizando vários trabalhos discográficos nas décadas de 70 e 80

Para Vitor Abud Hiar, a história da música árabe profissional no Brasil ainda é pouco conhecida porque não se cultivou um verdadeiro respeito pela genuína tradição musical trazida pelos verdadeiros pioneiros.

É evidente que a falta de um registro histórico de maior seriedade e detalhado, como já dissemos no início deste trabalho, muito contribuiu para o surgimento desse triste oportunismo.

A propagação do "achismo desqualificador" também pode ser considerado outro grande mal, pois materializar-se plenamente em uma completa falta de conhecimento, responsabilidade e respeito a nomes que realmente fizeram história.

Muitos desses músicos, como, por exemplo, Romeu Féres, segundo consta nos anais históricos, tristemente sofreram discriminação pelo simples fato de serem de origem árabe.

Terminamos dizendo que negar ou ignorar o pioneirismo e a importância clássica e tradicional do grande percussionista Fuad Haidamus e dos seus magníficos trabalhos referentes à cultura musical árabe no Brasil, é atentar diretamente contra a história viva da cultura árabe brasileira.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

     

 
 
 

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