Vídeos e Àudios Históricos da música árabe no Brasil - Vitor Abud Hiar
 
                 

 

 

 

 
 
 
 
 

 

 

Vídeos e áudios históricos - Introdução

Não podemos negar que a evolução histórica da música e dança árabes no Brasil é repleta de fatos e acontecimentos profundamente marcantes. Sabemos que com o passar do tempo, contudo, apenas uma pequena parte desses registros - fotos, vídeos e áudios - foram definitivamente preservados, chegando, assim, até nossos dias.

Como já elucidamos no Tributo a Fuad Haidamus - o pioneiro da percussão árabe no Brasil -, devido à aparente inexistência completa desses registros, criou-se históricos totalmente inverídicos, falácias, levando todos a um conhecimento equivocado sobre aqueles fatos e acontecimentos ocorridos há mais de 50 anos.

A história da música árabe no Brasil inicia-se com a sua profissionalização e, assim, desde os tempos do Cantor Romeu Féres, o primeiro e maior intéprete de músicas árabes no Brasil, muitos fatos marcantes de suma importância ficaram devidamente registrados não apenas em fotos, como, também, em áudios e, principalmente, em filmes, tanto profissionais quanto amadores.

Esta seção especial tem como objetivo reunir e tornar público os mais significativos vídeos e áudios aparentemente perdidos no tempo, contribuindo assim para uma conscientização mais precisa e verossímil da história evolutiva da música e dança árabes neste País, o que abrirá seguramente, creio eu, novos campos para eventuais pesquisas e estudos sobre o tema.

O que veremos a seguir são manuscritos, vídeos e áudios muito mais que especiais. São verdadeiros documentos originais e históricos que confirmam a importância dos trabalhos de Fuad Haidamus e a verdadeira evolução da música árabe neste nosso país.

Vitor Abud Hiar

 

 

O período Pré-Pioneiro da música árabe no Brasil e alguns e seus registros históricos.

É certo que nos primórdios tempos, por uma série de fatores, não havia ânimo  em divulgar a música árabe para os brasileiros, e é por essa razão que grande parte dos discos de 78 rpm editados pela Odeon, Colúmbia e Continental apresentavam inscrições em caracteres árabes sem qualquer tradução para a língua pátria. Tudo que se produzia era destinado à colônia exclusivamente.

Podemos elencar nomes como o de Nagib Mubarak, Nagib Hankach (que realizou trabalhos ao lado de Romeu Féres), Chef Nagib Zacharia etc..

Assim, a partir dos trabalhos pioneiros de Romeu Féres, Fuad Haidamus e Wadih Cury, que profissionalizaram e difundiram a música árabe levando tal cultura aos brasileiros, tudo começou gradativamente a mudar. Enfrentando inúmeras dificuldades na época, Romeu Feres lança os primeiros Lp´s com títulos em português, além de participar de festas e eventos públicos; Fuad Haidamus difunde a percussão árabe original se apresentando ao lado de Orquestras brasileiras renomadas, programas de auditório, televisão e em muitos recantos do Brasil (ao lado de Wadih Cury, Romeu Feres e Tanios Baaklini), além, claro, de ter produzido milhares de réplicas de seu instrumento fornecendo para as mais conceituadas lojas  musicais da época.

 

 

Os registros do espetáculo "Noite Oriental de 1953" e sua importância histórica para a Música e Dança Árabes no Brasil.

No ano de 1953, o Município de Jahu - importante cidade do interior paulista - comemorou seu primeiro centenário de fundação. Desta maneira, foram realizados na época inúmeros eventos solenes, como desfiles, exposições, inaugurações etc.

Diante desse acontecimento histórico, a Comunidade Libanesa em Jahu realizou uma grande festa a que se denominou" Noite Oriental". O evento foi apresentado na noite do dia 24 de Outubro de 1953, no chamado Parque do Centenário, onde, devido sua grande importância, tudo foi registrado em filme de 37 mm.

As apresentações realizadas naquela noite foram divididas em duas partes especiais. Na primeira parte, Senhoritas da Colônia Libanesa de Jaú apresentaram números de dança tradicional libanesa ( "Mil e uma Noites" - Bailado, Dabke e Rhumba Árabe). Ao término da primeira parte do programa, apresentou-se o bailado "No Mercado Persa'.

A segunda parte das apresentações ficou a cargo do eminente cantor Romeu Féres, laureado duas vezes com o prêmio Roquete Pinto em 1951 e 1952, como o maior intérprete da música internacional. No evento, Féres apresentou o quadro "O Árabe em torno do Mundo", de autoria de Damus Filho, cantando em 4 línguas diferentes (árabe, espanhol, italiano e português). "O Árabe em torno do mundo" versa sobre a histórica dispersão dos árabes ao redor do planeta em busca de novas oportunidades.

O espetáculo "Noite Oriental" é seguramente o mais antigo e importante registro em vídeo de uma festa realizada pela Comunidade Libanesa no Estado de São Paulo, que é reconhecidamente o berço da dança e música árabes no Brasil. Curiosamente, assistindo ao vídeo de época, podemos verificar que em 1953 havia uma realidade totalmente distinta, diversificada, daquilo que se creditou nos mais variados textos de internet e workshops de danças árabes de nosso tempo.

A qualidade da roupagem utilizada naquele tempo também impressiona, retratando com fidelidade as vestimentas tradicionalistas usadas nas danças típicas do baladi libanês. A seriedade e magnitude com que apresentaram os números artísticos, faz cair por terra definitivamente todas as informações falaciosas disseminadas em ampla escala, que colocam em dúvida a qualidade dos eventos árabes realizados antes da década de 1980.

Destaque, ainda, para a bailarina "Rosa do Oriente" do Teatro Municipal de São Paulo, que apresentou números de bailados - Flamenco Àrabe -  ao lado de Romeu Féres.

Já com relação à música árabe profissional no Brasil, o vídeo tende a ratificar todas as informações contidas neste site, principalmente com relação a Romeu Féres - primeiro intérprete de músicas árabes no Brasil - e a Wady Cury e Fuad Haidamus, na formação do primeiro conjunto musical tipicamente árabe do Brasil ( "Tributo a Fuad Calil Haidamus" - primeira parte ).

 

 

Arquivo Histórico: Fuad Haidamus, o pioneiro da percussão árabe no Brasil, em uma de suas últimas apresentações.

O ano é 1986. Durante a "Semana Árabe" em Goiás, Fua Haidamus fora convidado de honra para fazer uma de suas últimas apresentações como percussionista. Apresentaram-se nesse evento, além de Haidamus, Ely Almaza, Nabil Nagi e Atef Issa com seu tradicional grupo folclórico Cedro do Líbano. O show aconteceu no salão aberto de um importante clube em Goiânia.

O vídeo mostra Haidamus já em idade avançada (praticamente 70 anos) e com problemas de saúde. Contudo, mesmo diante de todas as dificuldades, aceitou o convite, e fez uma de suas últimas apresentações profissionais, mostrando que ainda possuia ótima agilidade e força rítmica ao lado do companheiro e amigo Ely Almaza.

A imagem é um dos raros momentos em que aparecem os músicos no palco. Sem dúvida, um momento para ficar gravado nos anais da história da musica árabe no Brasil.

Gravada na qualidade amadora, a mídia carece de boa sonoridade, porém, não deixa de ser uma singela homenagem a Fuad e a todos os músicos que, juntos com ele, se apresentaram naquela noite especial.

 

 

Arquivo Histórico: Fuad Haidamus, o "Conjunto Egito" de Jorge Aidamus, e a música árabe contemporânea no Brasil.

Após se apresentarem na novela "O Astro" da Rede Globo de Televisão ( Vide Tributo a Fuad Haidamus ), Fuad Haidamus e seu irmão, Jorge Aidamus, decidiram seguir seus caminhos de maneira independente.

Fuad Haidamus continuou se apresentando ao lado de seus tradicionais amigos de palco e a ministrar aulas de percussão para Vitor Abud Hiar ( que fazia desde 1978 ). Já seu irmão, contudo, partiu decidido a formar um novo conjunto musical árabe, agora, longe das importantes influênicas musicais de Haidamus.

Com o passar dos anos, Jorge Aidamus se reúne com uma dupla de novos músicos de talento ( Ahmed e Saied ), fundando, assim, o "Conjunto Egito".

À esquerda na parte superior, podemos observar a fotocópia da capa de uma fita cassete com a formação do "Conjunto Egito", escrita e assinada pelo próprio Jorge Aidamus. As gravações, feitas em áudio amador, foram encaminhadas a Fuad Haidamus como um presente de seu irmão, como podemos observar na dedicatória feita. O objetivo seria que Haidamus apreciasse e avaliasse a qualidade musical do novo conjunto criado pelo irmão, uma vez que havia entre eles pessoas em formação musical.

Importante: Fuad Haidamus sempre foi um grande incentivador de seu irmão Jorge Aidamus, em todos os aspectos. Claro, isso se deu devido ao grande prestígio musical que possuía desde a dácada dos anos 40.

Aidamus, até 1979, sempre acompanhou seu irmão nos mais importantes eventos musicais ligados à Cultura Árabe, seja em apresentações de rádio, gravações ou show ao vivo.

A formação profissional, conforme descreveu Jorge Aidamus era: Alaúde - Jorge Aidamus (fundador), violino - Ahmed e Derbakke - Saied. Aidamus, contudo, sempre deu oportunidade para possíveis novos talentos, ensinando e ajudando as pessoas em que ele acreditava.

Ainda no detalhe, podemos verificar as inscrições feitas por Jorge Aidamus no corpo da fita, contendo o nome dele como líder e dono do grupo, o nome de seu conjunto ("Conjunto Egito") e a breve citação de um jovem rapaz que, a convite cordial de Aidamus, participara cantando amadoramente em alguns momentos da gravação.

Assim, idealizado por Jorge Aidamus, o "Conjunto Egito" fora uma especial oportunidade no surgimento e formação de uma nova era de músicos e cantores de nossa época. Toda essa geração de artistas ganharia gradativamente notoriedade a partir do ano de 1990. É evidente que, com o passar do tempo, depois do "Conjunto Egito", Jorge Aidamus fundou outros novos conjuntos musicais, seja sozinho ou em parceria com seus até então formandos, mas isso só ocorreu no final da década dos anos 80.

Fuad Haidamus, como dissemos no início desse trabalho, continuou se apresentando ao lado de seus amigos. Seus ensinamentos e técnicas foram passados exclusivamente para Vitor Abud Hiar desde 1978, que os os aperfeiçoou e modernizou gradativamente. Seus estudos renderam divulgação e continuidade dos trabalhos de Haidamus, além da criação do maior sítio sobre percussão árabe em língua portuguesa até então visto. O rítmo árabe ganharia maior força no Brasil.

Os manuscritos e áudios contidos neste trabalho, pertencentes aos arquivos de Fuad Haidamus, formam uma importante prova documental, autenticando a importância deste e de seu irmão Jorge Aidamus, como figuras únicas e mais que importantes no desenvolvimento histórico da música árabe contemporânea neste país.

 

 

Fuad Haidamus e os  registros históricos dos alaudistas Willian Bunduki e Said Azar.

Falaremos, agora, dos especiais registros históricos do alaudista Willian Bunduki e, também, do músico e compositor Said Azar.

A imagem ao lado, na parte inferior, mostra a capa original de uma antiga fita cassete referente a uma gravação histórica de Willian Bunduki durante show realizado ao vivo no restaurante Bier Maza na década dos anos 70 ( fragmento desse áudio também pode ser ouvido ao lado).

Abaixo, na parte lateral da fita em horizontal, segue uma outra anotação, agora feita pelo próprio Willian Bunduki, versando sobre  a formação de seu conjunto musical.

Como podemos verificar, observando a fotocópia da capa de fita cassete histórica, o conjunto era formado originalmente por: Willian

 

Bunduki (Alaúde), o histórico pioneiro Fuad Haidamus (Derbakke) e Kico (Daff e percussão geral). Alex Bunduki e Emílio Bunduki também eram parte integrante, na falta, claro, dos músicos titulares.

O alaudista Willian Bunduki, por sua vez, tinha uma característica musical bastante diferenciada frente a todos os demais alaudistas de sua época. Trabalhava sempre com as tonalidadesmais graves do alaúde. Era um músico tipicamente de palco e dono de um talento considerável. Vitor Abud Hiar o considera históricamente o barítono da música árabe no Brasil.

Outra importante registro é do notável alaudista sírio Said Azar, que, por muitas vezes, trabalhou ao lado de Fuad Haidamus. Na sequência dos áudios disponibilizados (em breve!), podemos ouvir um trecho de taqsim solo realizado por Azar durante show 'ao vivo" no início da década dos anos 80.

 

 

Fuad Haidamus e Tanios Baaklini - Registros Históricos

Fuad Haidamus e Tanios Baaklini no Clube Homs em 1984.

Capa de fita cassete demo que contém gravações históricas realizadas por Fuad Haidamus e Tanios Baaklini juntos. À esquerda, incrições feitas de próprio punho por Fua Haidamus e, à direita, a indicação ´"Musicas Árabes", feita pelo poeta Tanios Baaklin

Quem foi Tanios Baaklini ? Baaklini fora um importante músico, cantor, compositor e o maior poeta árabe de nossa história.  Mais compositor que cantorTanios Baaklini fora o responsável por todas as músicas interpretadas por Romeu Féres (o pioneiro do canto árabe profissional no Brasil) na obra discográfica "Tardes Orientais" na década dos anos 50.

Era casado com Chadia Nagib, que, também inspirada no canto árabe, gravou ao seu lado o LP "Faddul" contendo 8 músicas no total.

Dentre as canções escritas por esse eminente poeta, podemos citar: "Sonho de Amor", "Dabke", "Bahrum", "Rosana", "Minha Morena", "Minha Saudade", "Tempos Amargos", "Machal" etc..

Abaixo, trancreveremos a letra da música "Dabki" de Tanios Baaklini, interpretada por Romeu Féres no Lp "Tardes Orientais":

 

A Alvorada está surgindo !... Os passarinhos estão cantando !...

As águas também cantam as cantigas das fontes !... E o sol está despertando a natureza com seus fios dourados por detrás das montanhas !...

Tudo é alegria !...

Vamos colher os cachos prateados das uvas que se estenderem nos vinhedos !.. As ondulações das vegetações, refazem a dança dos aromas... Respiremos o aroma da brisa perfumada!... Vamos ao nosso passeio... ao caminho da felicidade!..

Dancemos o "dabke" dos campos, nestes bosques divinais... nestas terras fascinantes!!!"

(Tanius Baaklini)

 

 

 

Os registros históricos em vídeo de Fuad Haidamus, Nabil Nagi e Atef Issa (Conjunto Folclórico Cedro do Líbano).

Neste artigo, comentaremos rapidamente a publicação de quatro importantes vídeos históricos da denominada "Semana Árabe" realizada no ano de 1986 em Goiás. Neles vemos os músicos Fuad Haidamus - em uma de suas últimas apresentações-, Nabil Nagi, Ely Almaza e o bailarino Atef Issa ( líder do famoso "Grupo Folclórico Cedro do Líbano"). São registros únicos e de grande valia para o engrandecimento da Cultura Musical Árabe no Brasil. Também podemos observar como a Dança do Ventre era apresentada por algumas bailarinas há quase 30 anos atrás. Esses vídeos também podem ser vistos em nosso canal no Facebook.

 

 

Vídeo 1: Fragmento de vídeo que mostra um dos percussionistas que auxiliavam Fuad Haidamus tocando em uma de suas Derbakes de cerâmica.

As Derbakes confeccionadas por Fuad Haidamus produziam um som inigualável, sendo considerádas as melhores já produzidas no Brasil. Muitos as consideravam melhores até mesmo quando comparadas com as feitas no Egito, Lìbano e Síria. À direita no vídeo, vemos o alaudista Nabil Nagi.

 

 

 

 

Vídeo 2: Neste vídeo, vemos o alaudista Nabil Nagi em apresentação no ano de 1986 (Goiás). Nabil Nagi fora o primeiro músico árabe de características tipicamente modernas. Seu trabalho muito contribuiu para a divulgação da Dança do Ventre em todo terrítório brasileiro.

 

 

 
 

 

 

Vídeo 3: Fuad haidamus (na Derbakke) em uma de suas últimas apresentações fora do Estado de São Paulo. No palco, apresenta-se ao seu lado o amigo Ely Almaza e, mais à direita, acompanhando no Daff, o mesmo percussionista que toca a Derbake no vídeo 1.


 

 

 

 

 

 

Vídeo 4: O legendário Grupo Folclórico Cedro do Lìbano, liderado pelo bailarino Atef Issa, em uma de suas apresentações em Goiás.


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
     

 

 

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