Histórico: A relação Percussão Árabe e Dança do Ventre no Brasil.
O texto em pauta não se resume apenas em uma breve retórica de introdução aos trabalhos que serão desenvolvidos nesta página, mas, também, em algo de essencial e fundamental importância para o conhecimento cultural.
Vemos milhares de sites brasileiros explanarem sobre cultura árabe de dança e música no Líbano, Egito, mas, no Brasil, há muito pouco ou absolutamente nada. Conhecemos os trabalhos de Nagwa Fouad e Hammouda; Souhair Zaki, Agieba e Wattatak. E no Brasil ? Como nasceu a relação artística entre percussão árabe e dança do Ventre ? Quem foram seus principais expoentes ? A história nos dará a resposta.
A dança do ventre já era praticada no Brasil desde a década dos anos 50. A "Noite Oriental de 1953" (assista ao vídeo aqui), uma dos mais antigos registros em vídeo de uma festa árabe realizada no Estado de São Paulo, mostra-nos que, amadoramente, as danças árabes - como a dança do ventre e o dabke - já eram apresentadas por jovens de origem libanesa em ocasiões especiais. O pioneirismo profissional dessa arte ocorreria mais tarde, com Shahrazad Sharkey (Dança do Ventre) e Atef Issa e Grupo Folclórico Cedro do Líbano (Dabke).
Já década dos anos 70, o restaurante Bier Maza teve um importante papel na história cultural árabe brasileira. Ali se apresentaram os dois maiores ícones da Dança e da Percussão Árabe no Brasil: Shahrazad Sharkey e Fuad Haidamus.
Fuad Calil Haidamus, mestre e pioneiro da percussão árabe no Brasil, trouxe a arte do acompanhamento e do solo de Tabla ou Derbakke. Desenvolveu o solo de tabla para as apresentações de Shahrazad e outras tantas bailarinas da época. Faleceu em 2002, mas seu trabalho ainda vive neste site.
Shahrazad Shahid Sharkey, Dama e Pioneira da Dança do Ventre no Brasil. Viajou por todos os recantos deste pais, difundindo sua magnífica arte, acompanhada por Fuad Haidamus e o conjunto de músicos de Wadi Cury. Shahrazad ministrou aulas de Dança do Ventre por mais de 40 anos no Brasil. Faleceu em 2014.
É curioso observar que o trabalho desses dois grandes pioneiros foram difundidos em conjunto. Destacamos aqui a magnânima seriedade como tal trabalho foi inicialmente difundido. Haidamus fora um músico de classe ao extremo. Transmitia grande seriedade e respeito. Shahrazad, da mesma forma, apresentava uma arte de essência sagrada, religiosa e sublime.
Não havia espaço para raciocínios distorcidos pendentes à sensualidade ou erotismo. A arte era apresentada como um encanto mágico de brilho, cores, ritmos e movimentos.
Segundo Shahrazad: "Uma bailarina não deve aceitar que os homens coloquem dinheiro em seu corpo. Dizem que é um costume, mas isso não é verdade. O corpo da mulher é sagrado e o público deve assistir a dança com muito respeito e admiração. Venho lutando para mostrar a 'Dança do Ventre' em toda sua essência. Uma bela essência que revela seu antigo caráter ritualístico e sagrado. Desejo que essa dança volte às suas origens e seus valores.Essa é minha luta, para que o Egito Antigo volte com toda sua essência e sua energia para dar sua mensagem a todas as mulheres do mundo" ( da Obra " Resgatando a Feminilidade" de Shahrazad Sharkey ).
Fuad Haidamus, por sua vez, defendia a arte do solo de Tabla como algo de grande responsabilidade. O respeito aos ritmos tradicionais e sua perfeita aplicação devem ser mantidos sempre. Essa arte não pode ser encarada como um mero jogo ou brincadeira entre músico e Bailarina. Lembremos de que a seriedade e o respeito mútuo devem estar acima de tudo.
A Origem dos Címbalos na Música Árabe.
 O Sistro - Instrumento de percussão religiosos composto por 6 címbalos ( total de 12 pequenos pratos rústicos ) Acredita-se que os Snujs derivaram desse antigo instrumento ritualista egipcio. |
Desejando inicialmente transformar este tema em mais uma página especial para este site, optamos por introduzi-lo nesta seção, devido sua significativa importância às Bailarinas de Dança do Ventre.
Vamos aqui tentar desvendar alguns dos mistérios que envolve os Snujs, através de uma análise geral e histórica dos címbalos e sua importância no âmbito da música árabe.
Primeiramente, devemos procurar entender o que realmente significa um címbalo.
Segundo consta nos dicionários modernos, címbalo significa pratos. Desta maneira, o címbalo corresponde a cada um dos dois discos de metal sobrepostos.
Por
exemplo:
os Snujs
são
compostos
por 4
pratos,
que
formam 2
címbalos
(dois
pratos
em cada
mão). O
Daff ou
Riqq, é
um
instrumento
que
possui 5
címbalos
duplos,
ou seja,
10
címbalos
que
totalizam
20
pequenos
pratos.
Qual
seria a
importância
dos
címbalos
na
antiguidade
egípcia?
Comprovadamente,
o som
produzido
por
címbalos
está
diretamente
relacionado
ao
sagrado,
ao
religioso.
É o
mesmo
objetivo
dos
sinos
das
igrejas,
ou seja,
quando
tocados,
conduz
as
orações
dos
fiéis
até ao
mundo
divino.
Estudiosos
acreditam
que,
inicialmente,
a música
árabe
seria
destinada
aos
cultos e
adorações
em honra
aos
deuses
egípcios.
Bem,
segundo
dados
históricos,
o "Sistre"
ou "Sistro"
foi
certamente
o
primeiro
instrumento
de
percussão
árabe
dotado
de
címbalos
que
surgiu
no Egito
antigo.
A prova
esta
estampada
claramente
em
milhares
de
esculturas
e
pinturas
de
templos
e tumbas
faraônicos.
Os
egípcios
denominavam
o Sistro
de
Sechechet,
que
podia
possuir
duas
formas
diversificadas.
Em
algumas
descobertas
da
Arqueologia,
como a
tumba do
faraó
Tutankhamon,
foram
encontrados
diferentes
Sistros,
compostos
por címbalos
de
bronze
bastante
rústicos.
 Gravura egípcia que mostra um harpista sendo acompanhado por Sistros, tocados por sacerdotisas. |
O toque
do
Sistro,
geralmente,
estava
relacionado
ao ato
de
clamar
por
proteção
divina,
e sempre
era
tocado
por
mulheres
(sacerdotisas).
Abaixo
saberemos
o porque
desta
razão.
No
âmbito
da
religiosidade,
o som
produzido
pelos
címbalos
representava
o clamor
de
bênçãos
à deusa
Hathor
(Deusa
da
Beleza,
da
Música,
das
Danças
e,
também,
da
Fertilidade).
Conforme
nos
explica
os
egiptólogos,
Hathor,
tendo
sobre
sua
cabeça
uma lua
cercada
por
chifres,
representaria
o
princípio
feminino
(beleza)
e a
fertilidade.
Aqui
podemos
entender
historicamente
um dos
motivos
pelo
qual os
Címbalos
são
considerados
um
acessório
indispensável
à Dança
do
Ventre.
Lembramos,
aqui,
que a
Dança do
Ventre
está
ligada
ao
princípio
da
fertilidade
da
mulher.
A Dança
exalta o
privilégio
de ser
mulher e
sua
dádiva
de
procriar,
como bem
nos
ensina
Shahrazad
Sharkey.
O Sistro
ainda é
usado na
música
árabe ?
Não ! Na
música
árabe
moderna
sua
utilização
fora
abolida,
porém,
em
países
como a
Etiópia,
sua
utilização
ainda é
possível
em
rituais
e
cerimônias
estritamente
religiosos.
 Címbalo datado do período romano - Museu Britânico. |
Pandeiros
com
címbalos
(platinelas)
Acreditamos
que a
primeira
geração
de
"pandeiros"
que
apareceram
no Egito
não
possuíam
címbalos.
Certamente
o Daff (
Riqq
para os
Egípcios)
e o
Bendir
com
címbalos
(Mazhar),
são
desdobramentos
que
surgiram
posteriormente,
o que
evidentemente
representa
um
aprimoramento
dos
instrumentos
de
percussão.
Um outro
ponto
importante
é com
relação
ao uso
da
expressão
"címbalos".
Para os
pandeiros,
utiliza-se
modernamente
o termo
"platinelas"
- as
platinelas
do daff,
da
mazhar -
, já
para os
snujs, "címbalos"
é o mais
adequado.
"Platinelas"
é uma
expressão
muito
usada
atualmente
no mundo
da
percussão.
Para
facilitar
o
apredizado,
adotamos
neste
site o
termo "címbalos",
mas fica
registrado
tal
ressalva.
Se
observarmos
atentamente
algumas
gravuras
egípcias,
vamos
notar
claramente
a
predominância
de
pandeiros
sem
címbalos,
o que
reforça
tal
idéia
supracitada.
O
surgimento
histórico
dos
pandeiros
com
címbalos
tanto no
Egito
quanto
em todo
o mundo
árabe,
deve-se
certamente
a outras
duas
finalidades
de sua
utilização,
ou seja,
demonstração
de
alegria
e
ostentação rímica.
 Relêvo egípcio que mostra uma mulher tocando um Bendir ou Daff (sem címbalos). O Instrumento, conforme mostra a gravura, é empunhado pela mão esquerda e tocado com a mão direta (forma tradicional como são tocados os pandeiros árabes até hoje). |
Ressaltamos
que a
utilização
dos
Snujs
por uma
Bailarina
durante
sua
apresentação
significa
auto-afirmação
e
convite
à
elevação
de
espírito
(caráter
não
religioso),
como
também o
pedido
de
proteção
divina,
intrinsecamente
ligado à
preservação
de sua
faculdade
de
procriar
(fertilidade).
Os Snujs
e sua
utilização
no
Brasil.
Os Snujs
(címbalos
para os
dedos)
foram
imortalizados
no
Brasil
pelas
mãos da
notável
Shahrazad
Sharkey,
durante
suas
apresentações
de
Dança.
Acompanhando
a
percussão
de Fuad
Haidamus,
pioneiro
da
percussão
árabe,
Shahrazad
trouxe técnica
de sua
utilização,
figurando
até hoje
como a
grande
mestra
no toque
desse
instrumento
no
Brasil e
de sua
utilização
na Dança
do
Ventre.
Posteriormente,
sua
técnica
passara
a ser
copiada
e
utilizada
pela
primeira
geração
de
bailarinas
que se
seguiu,
todas
importantes
precursoras
na
difusão
da arte
trazida
por
Shahrazad
ao
território
brasileiro.
A Toura:
os Snujs
profissionais.
 A Toura |
Os Snujs
profissionais
- ou
Toura
(da
nomenclatura
egípcia)
- são
platinelas
de cobre
com
exatos
dez
centímetros
de
diâmetro.
Dotada
de forte
timbre
sonoro,
a Toura
é
destinada
exclusivamente
para o
uso em
conjuntos
musicais,
orquestras
e outros
segmentos
do
gênero.
Diferentemente
dos
Snujs
para
Dança do
Ventre,
possui
uma
série de
técnicas
específicas
que vão
de
batidas
ou notas
vibrantes
à secas.
Os Snujs
- Por
quê,
quando e
como
utilizá-los
?
 Bailarina Libanesa em apresentação na década dos anos 70. |
Há
algum
segredo
especial
para se
tocar
bem os
Snujs?
Bem,
sempre
gosto de
dividir
o estudo
desse
pequeno
instrumento
buscando
responder
à três
perguntas
básicas:
Por que,
quando e
como
utilizá-los
?
Em
primeiro
lugar,
devemos
ressaltar
a
simplicidade
desse
instrumento.
Os Snujs
possuem
a
finalidade
exclusiva
de
alegrar
determinadas
frases
rítmicas,
proporcionando,
através
de seus
toques
vibrantes,
um som
mais
envolvente
e
empolgante
à
percussão.
É muito
importante
deixar
claro
que o
uso dos
Snujs
está
diretamente
ligado
ao
estado
de
espírito
da
pessoa,
ou seja,
se um
determinado
ritmo ou
estribilho
musical
nos
deixa
felizes
e
alegres,
se eleva
nosso
estado
de
espírito,
é mais
que
correto
usarmos
os Snujs.
Seria o
equivalente
a bater
palmas
num
determinado
momento
empolgante
da
música.
A pessoa
mostra
que está
feliz e
que
deseja,
através
do toque
simples
dos Snujs,
contagiar
todos
que
estiverem
à sua
volta.
Dessa
lição
básica
podemos
tirar
muitas
conclusões.
Primeiro,
não é em
qualquer
música
que os Snujs
podem
ser
utilizados
(apenas
música
alegres,
empolgantes),
e,
segundo,
é muito
raro a
utilização
dos
Snujs em
uma
música
desde o
começo
até o
fim.
Devemos
nos
preocupar
em
destacar
os
pontos
mais
empolgantes,
os
pontos
de
elevação
de
espírito.
Isso vai
muito da
pessoa.
Tocá-lo
de forma
direta,
sem
parar,
prejudica
a
percussão
tornando-a
perturbadora.
É por
essa
razão
que não
é
aconselhável
utilizá-los
como
percussão
base.
Quando
uma
Bailarina
usa os
Snujs
durante
sua
apresentação
num
determinado
momento
da
música,
significa
duas
coisas:
1 - A
auto-afirmação
de seu
excelente
estado
de
espírito
naquele
momento
musical
e 2- A
intenção
de
transmitir
esse
sentimento
a todos
que
estiverem
à sua
volta (
é o
desejo
de
contagiar).
É,
portanto,
a
auto-afirmação
e o
convite
à
elevação
de
espírito.
Como
utilizá-los:
Há quem
realmente
goste de
desenvolver
teorias
pesadas
sobre
esse
instrumento.
Seria
realmente
correto
colocarmos
os Snujs
no mesmo
patamar
que a
Derbakke,
a
Doholla,
a Mazhar,
o Daff
etc.. ?
Bem, é
evidente
que não.
Os Snujs
acompanham
a
percussão
de linha
tornando-a
mais
alegre e
envolvente,
apenas
isso.
Apesar
de
pertencerem
ao rol
dos
principais
instrumentos
da
percussão
libanesa,
devemos
ter em
mente
que suaenvergadura é
menor.
Eles não
possuem
aptidão
para
serem
usados,
por
exemplo,
como
referência
maior
numa
percussão
base,
como a
Mazhar
ou a
Doholla.
Sua
função
específica
dentro
de uma
percussão
não é
essa,
como já
dissemos.
Certa
vez,
recebemos
a
mensagem
de uma
Bailarina
preocupada
em saber
se o
"DUM"nos
Snujs é
feito
através
do toque
dos dois
címbalos
de ambas
as mãos
simultaneamente
ou se
pode ser
feito
apenas
com uma
mão.
Bem, não
existe
uma
teoria
que
estabeleça
coerentemente
qual
desses
dois
modos de
tocar é
o mais
correto.
Há quem
afirme
que
batendo
os dois
juntos a
acentuação
dada
melhora
a
interpretação
rítmica.
Outros,
porém,
pregam
uma
liberdade
maior ao
toque
dos
Snujs.
Para
estes,
realizar
o "DUM"
batendo
sempre
os dois
pares de
címbalos
simultaneamente
torna
seu som
irritante,
prejudicando
a
interpretação
do
ritmo.
Para
tentarmos
solucionar
tal
problemática,
devemos
buscar a
resposta
nos
princípios
básicos
que
regem
toda
percussão.
O
recurso
de bater
os Snujs
simultaneamente,
faz com
que
consigamos
obter
uma
máxima
acentuação
sonora
naquela
específica
nota
(batida
rítmica).
O "DUM",
por sua
vez, é
sempre a
nota de
maior
vibração
sonora e
não de
maior
acentuação
sonora.
Vejamos
abaixo:
1 -
Vibração
sonora
de uma
nota: É
a
durabilidade
sonora
da nota
dentro
de uma
frase
rítmica
(batida).
2 -
Acentuação
sonora
de uma
nota: E
a nota
que
possui
toque
mais
forte,
mais
robusto,
o que a
torna
mais
nítida
dentro
da frase
rítmica.
Ante ao
raciocínio
exposto,
cabe
fazermos
uma
pergunta:
Seria
conveniente
imprimirmos
sempre
uma
máxima
acentuação
sonora
ao "DUM"
nos
Snujs ?
Penso
particularmente
que a
técnica
dos
toques
simultâneos
deve ser
trabalhada
com
cuidado
e nunca
inadvertida.
Saber
trabalhar
as
nuances
é
bastante
fundamental.
Devemos
ter
sempre
em mente
que o
toque
dos
Snujs
segue
sempre
três
regrinhas
simples
e
fundamentais:
a
naturalidade,
a
criatividade
e a
espontaneidade.
Naturalidade:
Evite
exageros
desnecessários.
Criatividade:
Seja
criativo
em seus
toques,
busque
sempre o
que há
de
melhor.
Espontaneidade:
Deixe
fluir
seus
sentimentos,
sua
elevação
de
espírito.
Toque-os
somente
quando
seu
coração
mandar.
É por
essa
razão
que
comumente
não se
toca
Snujs em
um solo
de "taqsim
melódico",
pois não
estamos
em um
momento
de
êxtase,
alegria
extrema,
mas,
sim,
melancólico,
sentimental
e
reflexivo.
O que
uma
Bailarina
precisa
saber
para
reconhecer
a boa
qualidade
de um
solo de
percussão
?
É
possível
sim
reconhecer
facilmente
a boa
qualidade
de um
solo de
tabla. A
dica
aqui
vale
para
todas as
Bailarias,
servindo
de
orientação
na
escolha
de um
solo de
qualidade
para
suas
apresentações.
Vamos
aqui
mostrar
os
principais
pontos
negativos
que
prejudicam
a
qualidade
de um
solo e
que
devem
ser
evitados.
Criou-se
um certo
entendimento
de que
para se
executar
um solo
de tabla
basta
tocar
uma meia
dúzia de
floreados
com ou
sem
acompanhamento
e
pronto.
Infelizmente
muitos
trabalhos
que
estão no
mercado
mundial
são
apresentados
dessa
maneira.
É por
essa
razão
que
existem
poucos
grandes
percussionistas
árabes
no
mundo.
Antes de
falarmos
da
técnica
do solo,
vamos
falar da
analise
de sua
sonoridade.
Primeiramente
é
preciso
verificar
se o som
dos
instrumentos
foram
bem
captados
e
equalizados,
ou seja,
se suas
sonoridades
na
gravação
estão
nítidas
e
semelhantes
a suas
sonoridades
reais.
Um
exemplo
clássico
de erro
é o som
do
Derbakke
apresentar
timbres
como se
fosse
uma
"grande
lata".
Deve
haver
uma boa
definição
entre
agudos,
médios e
graves.
Isso é
necessário
para que
os
nuances
sonoros
característicos
de cada
ritmo
sejam
bem
percebidos
pelo
ouvinte.
Evite
solos
que
apresentem
ecos ou
reverberações
excessivos.
Eco é o
efeito
sonoro
pelo
qual o
som
original
produzido
é
integralmente
reproduzido
várias
vezes
até
desaparecer
por
completo.
Deve
sempre
ser
evitado
pois
distorce
completamente
a
execução
de um
ritmo.
Reverberação
é o
efeito
bastante
comum
aplicado
nos
estúdios
e
home
stúdios
pelo
qual se
simula o
ambiente
acústico
de um
certo
recinto.
Se
aplicado
com
excesso
a
persistência
sonora
acumulada
anula as
nuances
sonoras,
além de
evidentemente
tornar o
solo
extremamente
barulhento.
Reverberação
é o
efeito
bastante
comum
aplicado
nos
estúdios
e
home
stúdios
pelo
qual se
simula o
ambiente
acústico
de um
certo
recinto.
Se
aplicado
com
excesso
a
persistência
sonora
acumulada
anula as
nuances
sonoras,
além de
evidentemente
tornar o
solo
extremamente
barulhento.
Pois
bem,
após
traçarmos
os
pontos
principais
que
devem
ser
observados
em
relação
a boa
sonoridade
de um
solo de
percussão,
vamos
nos
ocupar
com o
segundo
e não
menos
importante
fator,
que é a
analise
do solo
técnico
apresentado.
Quais
pontos
uma
Bailarina
deve
observar
com
atenção
?
Primeiramente
a
precisão
rítmica;
isso é
mais que
fundamental
!
Devem
ser
evitados
solos
apresentados
com
muita
rapidez.
A
afobação
do
músico
que nada
mais
representa
uma
total
falta de
sentimento
sobre
aquilo
que está
fazendo,
pode
muito
prejudicar
o
trabalho
de uma
Bailarina.
Observe
também
se há a
preocupação
de se
gerar
uma
música
percussiva
ou se
simplesmente
os
floreados
são
jogados
a
ermo.
Floreados
solitários
que não
se
encaixam
nem com
o que
foi
tocado
antes e
muito
menos
com o
foi
apresentado
depois
geram
uma
certa
insegurança,
além de
quebrar
toda
beleza
de um
solo
quando
bem
apresentado.
O
percussionista
deve
também
ter
trabalhado
os
nuances
sonoros
corretamente.
Apesar
de ser
uma
questão
mais
técnica,
uma
Bailarina
também
pode
superficialmente
analisar
esse
outro
importante
ponto.
Escute
atentamente
se os
enfeites
estão
soando
bem. Nos
excelentes
trabalhos,
o
Derbakke
soa como
se fosse
um
verdadeiro
"Piano".
É
claro
que não
podemos
aqui
transformar
esse
quesito
em algo
que, se
não for
muito
bem
aplicado,
invalida
todo um
trabalho
de
percussão.
Somente
os
grandes
mestres
conseguem
realizar
essa
tarefa
com
melhor
precisão
através
de uma
melhor
técnica
e
percepção
rítmica.
Baladi e
seu
significado
especial.
Dizemos
sempre
que o
"DUM" é
o
coração
do
ritmo.
Quando
aquele
se torna
imperceptível,
este
perde
sua
característica.
Mas
afinal o
que
significa
a
expressão
"DUM" ?
"DUM" é
a nota
mais
grave do
ritmo e
a mais
vibrante
(mais
longa).
É uma
nota que
precisa
obrigatoriamente
estar
bem
perceptível
(não ser
confundida
com as
outras
notas) e
clara (
não
estar
sob
efeito
de eco
ou
excessiva
reverberação
acústica
).
Dentre
as
inúmeras
características
importantes
da nota
do
"DUM"podemos
mencionar
três:
1 -
Auxiliar
no
reconhecimento
do ritmo
propriamente
dito.
2-
Auxiliar
no
reconhecimento
de seu
compasso.
3 -
Identificação
do ritmo
representado
graficamente.
Uma
pergunta
que
certamente
mais
aflige
as
Bailarinas
seria
qual o
elemento
primordial
que
identifica
e
diferencia
"em
caráter
exclusivo"
o
tradicional
ritmo
Maqsoun
do ritmo
da
Baladi.
Existem
muitas
respostas
para tal
questão,
mas se
fizermos
uma
analise
mais
minuciosa,
veremos
que a
grande
maioria
não são
por
completo
elucidativas.
Vejamos
algumas
respostas:
1-
Baladi
possui 2
DUMs na
sua
frase,
enquanto
que o
Maqsoun
possui
sempre 1
DUM.
Essa
regrinha
vale
mais
para sua
forma
anotada
(gráfica)
do que
para sua
forma
tocada,
executada
(que é a
melhor
forma de
se
estudar
o
ritmo).
O
"DUM"
a
mais
inserido
no
corpo
do
ritmo
da
Baladi
tem
um
caráter
predominantemente
simbólico,
que
vem
representar
a
forma
recomendada
para
seu
andamento.
O
DUM
duplo
força-nos
a
executá-lo
de
maneira
mais
lenta,vagarosa,
para
assim
atingirmos
o
resultado
final,
que
é o
de
tornar
sua
execução
mais
interpretativa,
convidativa
e
sentimentalista.
Ao
contrário
do
que
se
costuma
ensinar,
o
Maqsoun
quando
tocado,
ou
seja,
durante
sua
execução,
não
há
obrigatoriedade
de
sempre
apresentar
1
DUM
na
sua
forma
estrutural.
O
Maqsoun
pode
apresentar
tanto
1
DUM
quanto
2
DUMs.
Não
funciona
portanto
ficarmos
atentos
ao
ritmo
tentando
descobrir
se
ele
possui
um
ou
dois
DUMs
para,
então,
identificarmos
se é
Baladi
ou
Maqsoun.
Essa
prática
pode
nos
induzir
a
erro.
2 -
Baladi
é a
versão
mais
lenta
do
Maqsoun.
Trata-se
de
um
raciocínio
eficaz
mas
simples.
No
manual
"Curso
Prático
de
Tabla
Árabe",
adotamos
tal
raciocínio
porque
não
tínhamos
a
intenção
de
nos
aprofundar
um
pouco
mais
no
referido
tema;
é
claro
que
há
mais
para
se
acrescentar.
Devido
a
alguns
fatores
que
veremos
mais
adiante,
recomenda-se
que
todo
Baladi
seja
executado
sob
uma
marcha
mais
suave,
pois,
se
tocado
de
forma
mais
rápida,"pode"
acabar
tomando
a
forma
do
Maqsoun.
Relembramos
que
regra
dos DUMs
impera
como uma
constante
somente
na forma
anotada
ou
cifrada.
Se
desejamos
descrever
em uma
folha de
papel o
ritmo
Maqsoun,
por
exemplo,
devemos
colocar
um DUM
apenas
na sua
forma
estrutural.
Já se a
intenção
for de
descrever
o Baladi,
os dois
DUMs
devem
estar
presentes.
Os dois
DUMs só
são
característicos
no
Baladi
na sua
forma
anotada
ou
cifrada
e não
"na
forma
executada,
tocada.
Ritmo de
Baladi,
compasso
4/4 = D
D TkT D
TKT TK...
É muito
comum
certos
percussionistas,
ao
executarem
determinada
Baladi,
apresentarem
na
primeira
frase
rítmica
dois
DUMs e
na
segunda
1 DUM.
Há
também
outros
trabalhos
que
mostram
o ritmo
Maqsoun
com dois
DUMs na
sua
forma
estrutural
ou,
então, o
ritmo
Baladi
sob um
andamento
mais
rápido.
Ora,
será que
isso
pode ser
caracterizado
como um
erro ou
descuido
do
músico ?
É claro
que não
!
O que
entendemos
por "Baladi"
ou "El
Balad"?
Para
realmente
compreendermos
o que é
uma
Baladi e
o que é
o
Maqsoun,
devemos
ir um
pouco
mais
além de
tudo o
que fora
aludido
até
agora.
Há
muitos
textos
confusos
na
internet
que
tentam
explicar
o
significado
da
palavra
"Baladi".
Vamos
agora
tentar
descobrir
o que
realmente
significa
a "alma
da
Baladi.
Quando
perguntávamos
aos
nossos
avós
qual o
significado
dessa
expressão,tínhamos
sempre a
seguinte
resposta:
"Baladi
é a
canção
que fala
do lugar
onde
nascemos
e da
vida
simples
que
tínhamos
ali. ".
Cabe
aqui
recordarmos
também
das
cantigas
infantis
libanesas
semelhantes
a muitas
outras
conhecidas
no
Brasil
como,
por
exemplo,
"
Ciranda
cirandinha"
ou
"Atirei
o pau no
gato",
que
sempre
possuíam
em suas
composições
a
palavra
"Baladi".
Baladi
(aldeia)
é a
terra, o
lugar
onde
nascemos.
Também,
na visão
do
libanês,
é a
lembrança
e o
orgulho
que
temos
por
nossa
terra
natal.
Mas não
é a
lembrança
e o amor
pela
nação
inteira
como,
por
exemplo,
o Líbano
todo; é
o amor
pela
aldeia,
pela
região,
pela
cidade,
pelo
lugar
específico
onde
nascemos
e
crescemos.
É a
saudade
de nossa
casa
natal e
o desejo
de lá um
dia
poder
voltar.
Baladi é
a nossa
terra
natal
mais o
orgulho
que
temos
desse
lugar. É
também
tudo
aquilo
que está
diretamente
ligado
ao lugar
do qual
originamos,
às
nossas
raízes
mais
comuns.
Por
outro
lado,
baladi
pode
representar
o país
inteiro.
Nesse
caso nos
referimos
a
independência,
vejamos:
Muitos
já devem
ter
visto em
antigos
vídeos,
a grande
cantora
libanesa
Fairuz
se
apresentar
em
trajes
de uma
jovem
camponesa
cantando
sua vida
inocente
e seus
desejos
simples.
Ela está
representando
uma
"mulher
de
Baladi".
Sabemos
que o
Maqsoun
é o
principal
ritmo
árabe.
Desse
ritmo se
extraiu
o ritmo
de
Baladi,
ou seja,
o ritmo
habitual tocado
na nossa
terra
natal,
tocado
nas
aldeias.
O Homem
de
Baladi
sempre
se veste
com
roupas
comuns,
do
cotidiano; a
roupa
normal
do
dia-a-dia.
Notemos
que o
ritmo da
Baladi
exige
maior
interpretação
,mas,
sem
muitos
floreados.
As
nuances
sonoras
são mais
suaves e
convidativas
à
recordação.
É um
ritmo
simples,
que
representa
a terra
natal do
árabe.
Maqsoun
é muito
tradicional
em casas
de
espetáculos
e shows.
As
Bailarinas
ou
Dançarinas
da Belly
Dance,
sempre
se
apresentam
com
roupas
suntuosas,
de
grande
luxo e
brilho.
As
apresentações
em
coreografia
também
são
bastante
comuns.
Seria
ainda
correto
afirmarmos
que o
ritmo de
Baladi é
a versão
folclórica
do
Maqsoun
? De
certa
forma
sim,
pois
trata-se
de um
ritmo
que se
ramificou
do
Maqsoun
e recaiu
sobre um
sentimento
regional
(folclórico).
A
própria
expressão
"Ritmo
Baladi"
já nos
passa a
idéia de
ritmo
regional,
mas, se
observarmos
mais de
perto,
vamos
descobrir
que, no
caso em
questão,
o
folclore
possui
um campo
bem mais
abrangente.
Baladi
representa
algo
mais
enxuto.
Ressaltamos
ainda
que Baladi
também
faz
parte da
grande
divisão
de
versões
da
música
árabe,
vejamos:
Música
Árabe
Moderna
= É a
música
feita
com
elementos
novos,
modernos;
que foge
do
clássico
habitual.
Musica
Árabe
Clássica
= É a
música
feita
aos
moldes
tradicionais,
habituais
(
exemplo:
As
canções
de Abdel
Halim
Hafez
).Musica
Árabe
Clássica
= É a
música
feita
aos
moldes
tradicionais,
habituais
(
exemplo:
As
canções
de Abdel
Halim
Hafez ).
Música
Árabe
Folclórica
= São as
canções
que
nasceram
no meio
do povo.
Representam
a
sabedoria
popular
( o
Dabke,
por
exemplo,
é uma
dança
folclórica
muito
tradicional
no
Líbano).
Música
de
Baladi =
É a
música
tocada
ou
cantada
na
região,
na
aldeia,
no
vilarejo
onde
nascemos
e
crescemos.
É a
música
que faz
relembrar
nossas
origens,
nossas
raízes.
Vejamos,
abaixo,
um
quadro
exemplificativo
sobre os
estilos
ou
formas
de
música
árabe:
Divisão da música árabe - Participação Percussiva nas diversas formas:
* Música Árabe Moderna ou Contemporânea - Estilo Percussivo "Raqs ou Raqset"
(Bellydance)
(usa-se derbakke, daff, doholla, mazhar, snujs..)
* Música de Percussão - Percussão Geral
* Música Árabe Clássica (entoada na forma clássica) - Estilo Percussivo "Al Tarabi" (ao estilo ou forma clássica).
(usa-se bongo ou "bongô", daff - ostentando o ritmo em alguns momentos - e bendir)
* Música Árabe Folclórica (mazhar e/ou bendir)
* Música de Baladi (mazhar e/ou bendir)
* Baladi Folclórico - Música típica da aldeia.
(bendir e/ou mazhar).
* Athêba (baladi) - Canto melancólico (não religioso).
(sem percussão).
* Muezim - Canto religioso, entoado nas Mesquitas Islâmicas.
(sem percussão)
*observação: Os snujs são amplamente utilizados no estilo percussivo Raqs. Nas músicas clássicas, quando entoadas ao estilo percussivo clássico (Al Tarabi), não se usa snujs.
|
Ratificamos
uma vez
mais a
importância
de se
saber
identificar
corretamente
o que é
clássico
e o que
é
moderno
; o que
é
folclórico
e o que
é baladi
(distinção
feita
por
muitos
músicos
árabes).
O
Maqsoun
e o
tradicional
Fallahi
são os
ritmos
mais
usados
para a
Dança do
Ventre
no mundo
inteiro.
Assim,
nesses
específicos
casos, o
que pode
parecer
ser um
Baladi,
tratar-se-á
certamente
do
Maqsoun.
|